17 de dezembro de 2010

Moradores de uma terra sem dono*

O retrato da realidade dos moradores em situação de rua, indivíduos invisíveis aos olhos da sociedade, que perderam a cidadania e na medida em que nada têm, a principal coisa que lhes falta é dignidade

Robson Rodrigues*

Pri Vilariño

A crescente população em situação de rua no Brasil é o retrato mais cruel da miséria social que se aprofunda em diversos ramos da esfera pública. O atual estado é a consequência de uma reação em cadeia que relaciona os altos índices de desemprego, rebaixamento salarial, uso de drogas e violência. Morar na rua é o reflexo visível do agravamento social no Brasil, e a falta de políticas públicas eficientes se constitui negligência do poder público em garantir a esse cidadão condições mínimas de sobrevivência. Os mais miseráveis estão entre os que mais incomodam politicamente, estigmatizados como perigosos socialmente por serem os que não participam da geração de riquezas.

Um contingente de pessoas que pouco usufrui dos serviços básicos públicos, à mercê do Estado e indiferente à sociedade civil. Para sobreviver buscam alternativas para o banho, necessidades fisiológicas, alimentação e vestuário. Vivendo literalmente nas ruas e dormindo sobre trapos ou papelão, pessoas que constroem nas ruas suas próprias histórias, mas não como querem; não sob circunstâncias de suas próprias escolhas, e sim, sob aquelas com as quais se defrontam diretamente, legadas e transmitidas principalmente pelo passado trágico de uma vida que deixaram para trás. Apesar de serem atores da própria história, só são capazes de agir nos limites que a realidade impõe.

“E nesse aspecto veremos que a sociedade brasileira e seu ainda recente processo democrático não desenvolveram plenamente tais mecanismos. Ainda temos significativas parcelas da população alijadas da participação seja do processo político, seja da própria condição de cidadão” Juraci de Oliveira, Sociólogo pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP)

Pri Vilariño

SOCIEDADE E ESTADO

O atual estado no qual se encontra a população de rua brasileira é o resultado de um conjunto de fatores que colaboram para a manutenção dessa situa ção. A ineficácia do sistema público se agrava quando não estão disponibilizados meios sociais fundamentais – programas de saú de, atendimento a usuários de drogas, abrigos, atenção à família, entre outros. O fator de primeira instância relacionado à situação dos moradores de rua é o desenvolvimento de novas técnicas de trabalho, criando uma enorme massa de desempregados na qual o sistema capitalista não consegue sustentar.

Numa sociedade capitalista que se organiza com base na compra e venda da força de trabalho, a legitimidade social e a dignidade pessoal de um indivíduo se afirmam por meio da ética do trabalho. A população de rua tem um histórico de perdas de emprego e baixa qualificação profissional, assim não se asseguram como integrantes do tecido social.

As causas relacionadas são multifatoriais e vão de questões como as mudanças nas relações de trabalho decorrentes da tecnologização dos processos produtivos, fluxos migratórios de mão de obra e a redução e desvalorização das atividades de baixa qualificação. Na avaliação do psicólogo e pesquisador de população de rua e uso de drogas da Faculdade de Saúde Pública da USP, Dr. Walter Varanda, “os estigmas do fracasso, da impotência, da vagabundagem e da menos- valia levam ao distanciamento das estruturas sociais, e no anonimato restam as estratégias de sobrevivência possíveis na região central e áreas comerciais da cidade, que incluem, por sua vez, uma ampla rede solidária que torna a vida nas ruas uma alternativa viável, ou pelo menos mais viável que a pobreza extrema. Nesse contexto, relaxa-se a obrigatoriedade de deveres, regras de convivência e obviamente do alto custo de vida urbano, e de maneira geral, esse problema social incomoda as grandes metrópoles no mundo inteiro”.

O descaso do Estado com os desabrigados reflete inclusive nas leis que regem o País. Até 2009, a mendicância era considerada uma transgressão penal no Brasil, quando o artigo da Lei de Contravenções Penais foi revogado pela Lei nº 11.983 pelovogação pode até significar um avanço no modo como o poder público trata o caso, porém demonstra também como um Estado incapaz de garantir condições mínimas de sobrevivência, até recentemente, condenava quem mendigasse.

Segundo o Ministério de Desenvolvimento Social, já existem políticas específicas voltadas para essa parcela da população. Desde 2006, o Ministério envia recursos para serviços de acolhimento de famílias em situação de risco nos municípios. O repasse do Ministério é de 1 milhão de reais para 94 municípios brasileiros que têm mais de 250 mil habitantes. Esses recursos são originários do que chamamos de “Piso de Alta Complexidade II”. Ele é destinado ao “Serviço de acolhimento institucional para adultos e famílias em situação de rua”. Esse serviço é executado nas casas de passagens e abrigos institucionais. Porém, as políticas da esfera federal divergem com as da municipal.

Nesse aspecto, a cidade de São Paulo deu provas de que ainda não trata do tema com a devida atenção. Isso pode ser demonstrado, por exemplo, com o fechamento de quatro mil vagas em albergues no centro de São Paulo, concentrando o atendimento nos bairros mais afastados. A possibilidade de não encontrar vaga em albergues para moradores de rua ou pessoas em situação de rua é cada vez maior. Sem contar, por exemplo, as rampas “contra morador de rua” nas extremidades subterrâneas da Avenida Paulista, com piso “chapiscado”, tornando-o mais áspero e incômodo para quem tentar dormir. Os viadutos da grande cidade acabam por se tornar “condomínios de luxo” dessa classe de brasileiros excluídos.

Para o arte-educador do Centro de Inclusão de Pessoa em Situação de Rua, Orlando Coelho Barbosa, “um dos fatores apontados como autoritário é o fechamento dos albergues na região central da cidade e sua abertura em localidades distantes, em outras palavras, higienização. Assim, nota-se um número maior de pessoas dormindo nas ruas da região central”, alerta.

Contudo, tal ação não tem surtido o e fei to na proporção esperada, e muitos moradores de rua permanecem no centro, até porque uma de suas atividades mais característica – a de coletar papel e outros materiais para reciclagem – tem nessa região seu principal manancial.

Isso evidenciaria uma tendência a impelir os moradores de rua a saírem das zonas centrais da cidade. Na análise do sociólogo, especialista em Gestão Educacional e supervisor de programas de educação, trabalho, cultura e formação profissional, Juraci Antonio de Oliveira, a situação demonstra que a sociedade brasileira ainda não atingiu seu estágio máximo de desenvolvimento democrático. “Isso tudo nos leva ao tema da democracia (…). O que se coloca em jogo aqui são os canais, os meios de participação com que contam os diversos grupos e segmentos que compõem o tecido social. E nesse aspecto veremos que a sociedade brasileira e seu ainda recente processo democrático não desenvolveram plenamente tais mecanismos. Ainda temos significativas parcelas da população alijadas da participação seja do processo político, seja da própria condição de cidadão”, argumenta.

Além disso, o indivíduo das ruas muitas vezes é privado de seu direito de ir e vir, uma afronta à cidadania e à democracia. Para Oliveira, “é comum quando, às vésperas de importantes eventos na cidade, acontece a tentativa de afastar os moradores de rua das regiões que se constituem como os cartões postais. Isso evidencia a falta de sensibilidade dos governos municipais quanto a essa questão”, destaca o sociólogo.

Por outro lado, não se deve negar a resistência de parte de algumas dessas pessoas com relação aos albergues. Conhecidos como local de passagem, uma vez que oferecem abrigos de curta duração, os albergues têm horários definidos e regras consideradas rígidas pelos usuários, além disso, os internos precisam deixar seus objetos pessoais, submeter-se ao banho vigiado e permanecer em silêncio. Tais regras impelem conflitos entre frequentadores e agentes quanto a funcionalidade da instituição. A questão se agrava quando se observa a existência de uma regra implícita que relaciona bom comportamento a tempo de permanência.

E nesse estado de calamidade pública a responsabilidade não recai apenas sobre os ombros do Estado, a sociedade civil é responsável também pelos traumas sociais. A culpabilização do morador de rua pela situação em que se encontra não desobriga a sociedade civil de qualquer responsabilidade. Na opinião do pesquisador da Faculdade de Saúde Pública da USP, Walter Varanda, ao adotarmos a distinção entre a sociedade civil e o poder público, para a devida responsabilização do Estado, ficamos à mercê de explicações e justificativas oficiais, que nem sempre condizem com a complexidade da questão e alimentam o estereótipo do morador de rua que se recusa a aceitar supostas ajudas para a sua reintegração social em troca da “liberdade” da vida nas ruas.

A consequência direta da usurpação da cidadania e dos direitos fundamentais está diretamente associada ao crescimento assustador da população de rua. Segundo a Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua realizada pelo Governo Federal por meio do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), em abril de 2008, o ministério identificou 31.922 pessoas –acima de 18 anos – vivendo nessa condição. A pesquisa envolveu 71 municípios, sendo 23 capitais e 48 cidades com mais de 300 mil habitantes.

Na análise do ex-morador de rua e coordenador do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), Anderson Lopes Miranda, o número atual é muito maior. “O Brasil tem 5.565 municípios, se o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fizesse um censo que estamos cobrando, o número estaria em torno de um milhão de pessoas vivendo nas ruas”, calcula.

Para se ter uma ideia, só na cidade de São Paulo, nas últimas duas décadas, o número saltou de três para mais de 13 mil pessoas vivendo nas ruas. Para o pesquisador Walter Varanda, “o crescimento da população de rua seria ainda maior, não fosse o alto índice de mortalidade decorrente das condições de insalubridade a que estão sujeitos”, acrescenta.

Fora de São Paulo é mais difícil mensurar o número e a situação dos moradores de rua. E a própria sociedade tenta esconder essa realidade assustadoramente cruel. Segundo Anderson Lopes Miranda, “as cidades omitem sua população de rua porque não querem reconhecer que falta muito a se fazer por essas pessoas”. Miranda, que morou por 15 anos nas ruas, relata que nas capitais o indivíduo até consegue tirar documentos e utilizar alguns serviços básicos; já fora dos grandes centros a situação é inversa. “Por meio da ‘higienização’ a guarda das prefeituras retira todos os pertences do indivíduo, inclusive documentos e bens pessoais”, conta.

Para o arte-educador do Centro de Inclusão de Pessoa em Situação de Rua, Orlando Coelho Barbosa, “não existe por parte do governo municipal uma política clara em relação à população de rua, que seja intersecretarial, mas sim, ações pontuais. As entidades conveniadas reclamam também dos valores repassados para manutenção dos equipamentos destinados a essa população”. Ou seja, políticas paliativas que não resolvem o problema, dessa forma, o sistema público não enxerga as sutis diferenças entre viver na rua, estar na rua e ficar na rua, detalhes fundamentais na hora do desenvolvimento estratégico.

Assim, esse é um problema tanto da sociedade quanto do Estado e revela uma impotência em lidar com a situação de forma civilizada. De acordo com o pesquisador Walter Varanda, essa destituição total dos direitos do outro mostra desvios de caráter incompatíveis com a vida em sociedade. “O morador de rua torna-se, nesses casos, depositário de estigmas e negatividades, atuando como elemento expiatório de desequilíbrios sociais decorrentes do individualismo vigente na sociedade moderna. A simples aceitação das diferenças sociais nessa ordem de grandeza desumaniza a ponto de se confundir a pessoa com a situação em que ela se encontra, alimentando o estigma a ela imposto, negando sua história de vida e impedindo a identificação de suas qualificações e potencialidades como se elas não existissem e não fosse possível um novo projeto de vida”, afirma o pesquisador.

“O simples nascer investe o indivíduo de uma soma inalienável de direitos, apenas pelo fato de ingressar na sociedade humana. Viver, tornar-se um ser no mundo, é assumir, com os demais, uma herança moral, que faz de cada qual um portador de prerrogativas sociais” Milton Santos (1926 – 2001), Geógrafo

Pri Vilariño

CIDADANIA CORROMPIDA

O conceito de cidadania na sociedade a qual vivemos está fortemente relacionado à noção de democracia e direitos que permitem ao indivíduo participar de escolhas que afetam suas vidas. O pensador Norberto Bobbio concebia um regime democrático como um método de governo, um conjunto de regras de procedimento para a formação das decisões coletivas, no qual está prevista e facilitada a ampla participação dos interessados.

Contudo, como garantir direitos básicos a esse segmento de excluídos, sendo que quase a metade dessa população não possui qualquer documento pessoal como carteira de identidade ou título de eleitor – símbolos de cidadania – o que as exclui da vida civil, deixando de ter direitos e de serem reconhecidos como cidadãos? Indivíduos que pouco participam de processos fundamentais da vida política do cidadão, como votar. É nesse quesito que a atual democracia peca ao não cumprir suas promessas de igualdade, de ampla participação e garantia de direitos.

Mesmo despojados do preceito básico da democracia, tais indivíduos se constituem como cidadãos. Segundo o sociólogo Juraci Antonio de Oliveira, “os direitos humanos foram uma conquista ao longo da história da civilização e que ainda hoje, em pleno século 21, é um campo que se encontra longe do consenso. O mesmo ocorre com status de cidadão. Poderíamos dizer que no limite, moradores de rua e tantos outros excluídos, são cidadãos, porém não são tratados como tal, não exercem seus direitos e deveres dentro dos padrões minimamente aceitáveis”, argumenta.

Já para o arte-educador do Centro de Inclusão de Pessoa em Situação de Rua, Orlando Coelho, “essas pessoas não são vistas como sujeitos de direito e que de alguma forma, em algum momento de suas vidas ou tiveram seus direitos negados ou alijados, mas, como vítimas de sua incapacidade ou de seu pecado e por lhes destinarmos um olhar de caridade, piedade, misturado com desprezo, não há um reconhecimento de sua humanidade”.

O geógrafo e professor Milton Santos acrescenta: “O simples nascer investe o indivíduo de uma soma inalienável de direitos, apenas pelo fato de ingressar na sociedade humana. Viver, tornar-se um ser no mundo, é assumir, com os demais, uma herança moral, que faz de cada qual um portador de prerrogativas sociais. Direito a um teto, à comida, à educação, à saúde, à proteção contra o frio, a chuva e as intempéries; direito ao trabalho, à justiça, à liberdade e a uma existência digna”.

Mesmo sendo cidadãos por natureza, eles têm suas prerrogativas sucumbidas pelo Estado, que se diz pluralista e representativo, mas que não garante meios de sobrevivência a todos os cidadãos. De tal modo que não são apenas moradores sem casa, são também cidadãos sem direitos. Disso nasce a crítica na qual o filosofo Jean-Jacques Rousseau admitia que essa representatividade não traduz a vontade de um cidadão para o outro. Rousseau acreditava que a vontade só será geral se tiver a participação de todos os cidadãos de um Estado. Para ele, a soberania só existe se for geral. “(…) É a [vontade] de todo um povo ou de uma parte dele. No primeiro caso, esta vontade declarada é um ato de soberania e faz lei, no segundo, é simplesmente uma vontade particular, um ato de magistratura ou, quanto muito, um decreto”.

Mesmo em que no atual contexto de um país com mais de 190 milhões de pessoas a representatividade seja necessária, no caso dos moradores de rua o Estado não se aproxima de modo eficiente dessa categoria. Portanto, mesmo que os princípios democráticos indiquem igualdade entre os diferentes estratos sociais, o morador em situação de rua em nada é igual com relação ao restante da população. São iguais apenas entre si devido à própria condição, uma massa de desabrigados que estão em seu estado máximo de carência, o que reforça a perda da própria identidade e a situação de total exclusão social.

Essa opressão se materializa na violência e na intolerância praticada por vários agentes da sociedade contra os moradores de rua em geral. Os níveis de agressão e impunidade crescem a cada dia em todos os sentidos. O número de vítimas ao longo de 10 anos foi proporcionalmente maior. Os fatos recentes comprovam, e o mais marcante de todos foi o massacre ocorrido em 2004, no qual 15 moradores de rua foram atacados por um grupo, enquanto dormiam, na região central da cidade de São Paulo. Das 15 pessoas que dormiam, sete morreram, até hoje apenas um dos apontados como culpados pelos assassinatos foi preso.

“Os estigmas do fracasso, da impotência, da vagabundagem e da menos-valia levam ao distanciamento das estruturas sociais, e no anonimato restam as estratégias de sobrevivência possíveis (…) que incluem, por sua vez, uma ampla rede solidária que torna a vida nas ruas uma alternativa viável, ou pelo menos mais viável que a pobreza extrema” Pesquisador de população de rua e uso de drogas da Faculdade de Saúde Pública da USP

Pri Vilariño

O EFEITO DAS GRANDES CIDADES

A população de rua faz parte do cenário das grandes cidades do mundo. Trata-se de um segmento social que, sem trabalho e sem casa, utiliza a rua como espaço de sobrevivência e moradia.

Para o sociólogo Juraci Antonio de Oliveira, “esse talvez seja um fenômeno comum aos grandes centros urbanos, onde convivemos com múltiplas realidades. De tanto convivermos com a diversidade e a adversidade, já não percebemos as nuances da cidade”.
Desse modo, esses indivíduos se tornam seres invisíveis aos olhos da sociedade, saturados pela miséria das ruas, pela negação dos direitos básicos e essenciais e vítimas dos próprios estigmas e adversidades. O sociólogo alemão Georg Simmel (1858 – 1918) destacava essa relação entre o indivíduo e a metrópole, da influência da grande cidade moderna na personalidade e na vida mental dos seus habitantes. Uma individualidade urbana caracterizada pela reserva, desconfiança, apatia e falta de solidariedade.

O que Simmel falava se torna evidente nas cidades do Brasil. A exposição dos habitantes urbanos a diversos contrastes e estímulos sucessivos da deplorável situação a qual se encontram os moradores de rua é tão grande a ponto de se chegar ao esgotamento da sensibilização, gerando cada vez mais discriminação e apatia. Essa indiferença com relação ao morador de rua – causada pela mendicância – provoca o que Simmel chamou de “caráter blasé”, ou seja, essas experiências vividas cotidianamente causam indiferença de grande parte dos indivíduos. Se não fosse assim, segundo o sociólogo alemão, os habitantes dos grandes centros entrariam num estado mental de excitação tal que levaria a neurose, dada à diversidade, velocidade e intensidade dos estímulos aos quais estão expostos.

“Assim como uma vida imoderada de prazeres torna-se blasé, porque excita por muito tempo os nervos nas suas reações mais fortes, até que eles acabam por já não ter nenhuma reação, assim também as impressões inofensivas, pela rapidez e pela incompatibilidade da sua mudança, forçam os nervos a respostas tão violentas, irrompem para cá e para lá de modo tão brutal, que eles entregam a sua última reserva de forças e, permanecendo no mesmo meio, já não têm tempo para acumular uma nova (…). A incapacidade, assim originada, de reagir aos novos estímulos com uma energia que lhes seja adequada é justamente aquele caráter blasé”, afirmou Georg Simmel.
O indivíduo da grande cidade como São Paulo, rodeado por milhares de modificações individuais, cria um órgão protetor. A presença da população de rua na modernidade está tão incorporada à paisagem que já se tornou banal. Paradoxalmente, só são notados pela grande maioria da população quando não estão presentes. A intensificação de ver constantemente pessoas no estado máximo de carência e desamparo não gera mais compaixão; ao contrário, brota uma mudança acelerada e ininterrupta das impressões interiores e exteriores, e a contemporaneidade não é apenas um cenário onde esse grupo reside, é, antes de mais nada, um pré-requisito para que ele exista.

Por outro lado, podemos evocar também o dramaturgo alemão Bertolt Brecht que propunha o exercício do distanciamento como forma de estranhamento da realidade para podermos exercer melhor nossa crítica. Dessa forma, podemos perceber as iniquidades do cotidiano, das quais não nos damos conta, pois estamos imersos nessa realidade e dela fazemos parte. Brecht dizia que aquele que não estranha mais a violência, que sequer a percebe, é porque também já se tornou violento.

Quem são os moradores de rua?

De acordo com o Censo de São Paulo de 2010 realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe), coordenado pela economista e professora da FEA – USP (Universidade de São Paulo), Silvia Maria Schor, quase 80% das pessoas que vivem nas ruas são homens em idade média de 40 anos. Os dados revelam a dificuldade de reintegração ao mercado de trabalho.

Isso expõe o quanto a desqualificação profissional limita a inserção no mercado de trabalho. O pesquisador de população de rua e uso de drogas da Faculdade de Saúde Pública da USP, Dr. Walter Varanda vai além. “A população de rua é constituída na sua maior parte por adultos em idade produtiva, como mostram os censos realizados, sua situação é praticamente a mesma ao longo das últimas décadas apesar de serem sujeitos de direitos, e existem sérios equívocos em tratá-la como caso de polícia”, salientou o pesquisador.

O perfil dessas pessoas mostra que, apesar de mais de 90% saberem ler e escrever, a maioria não chegou a completar o ensino fundamental. Para o sociólogo Juraci Antonio de Oliveira, “o fato da maioria dessas pessoas terem certo grau de escolaridade indica que tinham um nível de participação na vida social”. Porém, na atual situação a qual estão, encontram-se à margem da Desenvolvisociedade e desprovidas de atuarem como devidos cidadãos que são. Os dados também revelam que na sua grande maioria são “não brancos”, incluindo-se os negros, pardos, amarelos e indígenas. Observe no gráfico os números sobre a distribuição dos moradores de rua por cor e sexo, segundo os dados da pesquisa.

O uso de drogas também é uma constante. A maioria dos moradores de rua bebe e usa drogas. Entre os 18 e 30 anos, a proporção atinge 80%. A droga mais consumida é o crack. De acordo com o pesquisador Walter Varanda, o uso de álcool e drogas está relacionado ao autocontrole, autonomia e estados alterados de consciência em decorrência do uso. “Aos rituais de uso estão associados à sociabilidade, às relações de parceria, proteção e segurança. A vida nas ruas é recheada de códigos, de “jeitos” que tornam o crack para uns e a bebida para a maioria uma opção interessante, sem falar da disseminação da maconha, que permeia o uso das outras drogas. Isto quer dizer que o uso abusivo, na situação de rua, é mais intenso que em outras situações em que o sujeito convivesse com algum controle social. Quando os ganhos com o uso da substância são maiores que os ganhos em situações nas quais haja controle, por exemplo, no ambiente de trabalho ou familiar, o sujeito vai procurá-la na rua”, expõe o pesquisador.

Também a alta taxa de usuários se deve à intervenção neuroquímica da substância que alivia, conforta, estimula, anestesia, diminui a autocensura, relaxa o autojulgamento e permite certa maleabilidade da autoimagem, principalmente aquela que o sujeito não gosta. “Além disso, a embriaguez viabiliza processos nostálgicos através de mergulhos em dinâmicas emocionais regredidas, permitindo a reedição de padrões comportamentais aprendidos e valorizados em outros momentos da vida”, lembrou VarandOutro fator que pode ajudar a entender esse fenômeno é a questão do histórico da população de rua da cidade, já que mais da metade dos moradores foi internada em alguma instituição, predominando casas de detenção, clínicas de recuperação de álcool e drogas e Febem. Entre os jovens, 70% já passaram por alguma instituição.

Entre o espaço público e o privado

Excluídos da sociedade, os moradores de rua ressignificam o único espaço que lhes foi permitido ocupar, o espaço público, transformando-o em seu “lugar”, um espaço privado. Espalhados pelos ambientes coletivos da cidade, fazendo comida no asfalto, arrumando suas camas, limpando as calçadas como se estivessem dentro de uma casa: assim vivem os moradores de rua. Ao andar pelas ruas de São Paulo vemos essas pessoas dormindo nas calçadas, passando por situações constrangedoras, pedindo esmolas para sobreviver. Essa é a realidade das pessoas que fazem da rua sua casa e nelas constroem sua intimidade. Assim, a ideia de individualização que está nas casas, na separação das coisas por cômodos e quarto que servem para proteger a intimidade do indivíduo ganha outro sentido. O viver nas ruas, um lugar aparentemente inabitável, tem sua própria lógica de funcionamento que vai além das possibilidades.

A relação que o homem estabelece com o espaço que ocupa é uma das mais importantes para sua sobrevivência. As mudanças de comportamento social foram sempre precedidas de mudanças físicas de local. Por mais que a rua não seja um local para viver, já que se trata de um ambiente público, de passagem e não de permanência, ela acaba sendo senão única, a mais viável opção. Alguns pensadores já apontam que a habitação é um ponto base e adquire uma importância para harmonizar a vida. O pensador Norberto Elias aponta que “o quarto de dormir tornou-se uma das áreas mais privadas e íntimas da vida humana. Suas paredes visíveis e invisíveis vedam os aspectos mais ‘privados’, ‘íntimos’, irrepreensivelmente ‘animais’ da nossa existência à vista de outras pessoas”.

O modo como essas pessoas constituem o único espaço que lhes foi permitido aponta que conseguiram transformar em “seu lugar”, que aproximaram cada um à sua maneira dois mundos aos quais estamos inseridos: o público e o privado.

REFERÊNCIAS
SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. 4ª edição. São Paulo: Nobel, 1998.

VIEIRA, M. A C. et cols., População de rua. Quem é, como vive, como é vista. São Paulo: HUCITEC, 1992.

* Robson Rodrigues é jornalista


Fontes:http://sociologiacienciaevida.uol.com.br/ESSO/Edicoes/32/moradores-de-uma-terra-sem-dono-a-questao-dos-moradores-194186-1.asp
http://culturaerevolucao.wordpress.com/2010/12/17/


Muito rico o material disposto também na Revista Sociologia , número 32. dez 2010,Sociologia Contemporânea.


11 de setembro de 2010

Por um outro lado. Eles também estão nas ruas...

Aprovado no Senado projeto de lei sobre cães e gatos que vivem nas ruas

Aug 5, 2010


Após oito anos tramitando no Congresso, foi aprovado ontem no Senado o projeto de lei que cria a política nacional de controle de natalidade de animais errantes por meio de esterilização, vetando definitivamente a prática da execução de animais saudáveis em centros de zoonoses.

A matéria, de autoria do deputado Affonso Camargo (PSDB/PR), recebeu uma emenda do senador Sérgio Zambiasi (PTB/RS), que amplia as possibilidades de métodos de esterilização de cães e gatos. O projeto retorna agora à Câmara para análise da emenda que recebeu no Senado, simultaneamente nas comissões interessadas. Caso não sofra novas modificações, o PLC 4/2005 seguirá à sanção presidencial para se tornar lei.

Realidade atual no Brasil

Apesar da execução de animais saudáveis ser inconstitucional, a prática em centros de zoonoses é uma realidade, com formas que variam entre injeção letal e câmaras de gás, havendo registros de choque elétrico em locais mais precários.

Fazendo as contas desse método adotado hoje no país, enquanto um animal é capturado pelas carrocinhas e recolhido para execução, dezenas de descendentes daquele mesmo animal continuam a nascer em progressão geométrica, perenizando o ciclo de sofrimento, abandono, fome e maus-tratos. E como a taxa de natalidade é comprovadamente maior que a taxa de eliminação, essa política governamental revela-se, ainda, mais onerosa para os cofres públicos em longo prazo.

Além de um problema humanitário, trata-se de um grave problema sanitário. Não vacinados, podem transmitir zoonoses e, quando morrem, suas carcaças são depositadas em qualquer lugar como aterros, terrenos baldios ou áreas de proteção ambiental, tornando-se focos de diversas doenças e poluentes de lençóis freáticos.

As emendas

O PLC 4/2005 recebeu parecer favorável em todas as comissões em que tramitou, chegando ao plenário, onde recebeu na Mesa a emenda do senador gaúcho Sérgio Zambiasi.

Originalmente, a matéria previa apenas a possibilidade cirúrgica de esterilização. Zambiasi justificou que, na época da iniciativa da proposta, a ciência não havia sinalizado novas possibilidades. O senador se baseou na lei que já vigora em seu estado. "Nossa lei não encerra outras formas de esterilização. É o correto. Sabemos que as universidades estão avançando rapidamente na possibilidade química de castração de machos, por exemplo. Não podemos ignorar o que já se sabe e estreitar dessa forma uma lei. Mais cedo ou mais tarde a castração química será uma realidade. A ciência não caminha para trás", concluiu.

E seguiu com a seguinte redação: "O controle de natalidade de cães e gatos em todo o território nacional será regido de acordo com o estabelecido nesta Lei, mediante a esterilização permanente", excluindo do texto a palavra cirúrgica, o que causou apreensão entre pessoas da área que não estavam seguras a respeito do método químico. Para sanar o problema, a emenda recebeu uma subemenda na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) - um acréscimo ao texto que garantisse o bem-estar do animal: "esterilização permanente, cirúrgica ou não, desde que ofereça o mesmo grau de eficiência, segurança e bem-estar ao animal".

Tudo isso deverá ser trabalhado na regulamentação da lei, que ocorre nos 180 dias após a sanção presidencial, assim como toda a estrutura e a fiscalização necessária para este fim. Outras importantes medidas de controle também fazem parte do texto do PL, como a educação em guarda responsável, programas de adoção, o registro e a identificação de animais com microchip.

Comissão do Senado aprova projeto em prol de cães e gatos que vivem nas ruas. >>

Conheça o trabalho da WSPA com animais nas ruas. >>

Page tools:
Fonte : http://www.wspabrasil.org/latestnews/2010/Aprovado-no-Senado-projeto-de-lei-sobre-caes-e-gatos-que-vivem-nas-ruas.aspx

21 de julho de 2010

Movimento Nacional

De morador de rua a líder de movimento, Miranda pede políticas integradas

Há sete meses, Anderson Lopes Miranda, de 33 anos, vivia com as duas filhas – de 1 e 3 anos - e a mãe das meninas em um albergue para famílias na capital paulista. Sobrevivia de recolher latinhas. Mas, como líder do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), já havia viajado a Brasília mais de 20 vezes e a países como Alemanha e Argentina. Isso para pedir, principalmente, o fim do assistencialismo e início das políticas públicas para os moradores de rua. “Chega de ser um problema só de assistência, queremos ser tratados como problema de saúde pública, educação, trabalho e habitação”, afirma.

Lecticia Maggi, repórter do Último Segundo | 27/06/2009 07:04

Órfão de pai e mãe, Miranda viveu em orfanatos até os 14 anos quando saiu para morar em uma pensão e trabalhar como office boy. A primeira noite na rua aconteceu poucos meses depois, quando voltava de Atibaia, no interior de São Paulo, e o ônibus quebrou. Estava na rodoviária do Tietê às 2h quando dois homens me assaltaram, levaram R$ 2 mil, roupas e tudo que eu tinha, conta. Sem família e sem dinheiro, Miranda foi para a rua.



Sozinho, aprendeu a não dormir, só cochilar. É aquele medo à noite. Entrava em crise comigo. Se passava alguém perto, já levantava rápido, afirma. No centro da cidade, debaixo de uma marquise no bairro da Barra Funda, conta presenciou a morte de um morador de rua por dever R$ 80 a outro. Os dois brigaram e um meteu um paralelepípedo na cabeça do outro, lembra.

Com medo, começou a pegar o trecho – gíria para andar de uma cidade a outra. Em uma de suas caminhadas, no ano de 2000, afirma que foi a pé de Minas Gerais até a Bahia. Quando chegou em Itabuna, no sul do Estado, foi atropelado por um caminhão. Me levaram para o hospital, mas quando souberam que eu era indigente me jogaram uma tala e me deixaram na cama por três dias. Eu só recebia bolacha de água e sal e água, diz ele, que afirma ter chegado a pesar 35 quilos.

De volta a São Paulo, já recuperado, Miranda iniciou a luta em defesa dos moradores de rua. Em 2004, após o assassinato de sete pessoas que dormiam na Praça da Sé, região central de São Paulo, foi organizado o primeiro Movimento Nacional dos Moradores de Rua.

Luta pelos moradores de rua

Em 2005, aconteceu o primeiro seminário da população de rua em Brasília, que reuniu diversos representantes da sociedade civil e do governo federal para discutir a questão. No ano seguinte, foi criado um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) para elaborar uma Política Nacional para a População de Rua.

O segundo encontro nacional da população em situação de rua ocorreu em 19 de maio último, em Brasília. No evento, estiveram presentes cerca 170 moradores e ex-moradores de rua, além de ONGs e ministros.

"Não queremos guetos. Queremos conviver"

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), A Política Nacional passou por ajustes neste encontro. Quando o novo texto estiver pronto ele será encaminhado ao presidente Lula para que se torne um decreto.

A intenção, conforme o governo, é que os ministérios envolvidos no programa transformem as diretrizes da política em plano de trabalho.

Miranda afirma que a Política Nacional pede principalmente a inclusão do morador de rua nos programas já existentes. Não queremos a criação de banheiros públicos só para moradores de rua. Não queremos gueto, queremos conviver, explica.

"Não consigo sair da rua, se eu não ficar duas ou três noites dormindo na rua eu enlouqueço"

Entre as propostas, está a de que 5% das vagas de moradia da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) sejam destinadas à população de rua.

Vida nova com hábitos antigos

Com residência fixa e carteira assinada, Miranda, hoje, pode dizer que saiu da situação de rua. Vive as duas filhas e a mãe delas em um apartamento da CDHU na Cidade Tiradentes, no extremo leste da capital. Mesmo com a casa, ele diz que não perdeu alguns hábitos antigos. Não consigo sair da rua, se eu não ficar duas ou três noites dormindo na rua eu enlouqueço, afirma.

Outro costume que permanece é o de recolher latinhas. Com a diferença que hoje não as vende mais, só repassa para quem precisa. Mesmo trabalhando eu cato latinha, se não fizer isso eu perco a minha raiz. Minha vida sempre foi essa, nunca depender só dos outros. É o que me sinto feliz, diz.


Fonte:

http://ultimosegundo.ig.com.br/ultimosegundo/brasil/de+morador+de+rua+a+lider+de+movimento+miranda+pede+politicas+integradas/n1237627066145.html

20 de julho de 2010

Acordar - contatos - atualidades.

Saudações pessoal da rede virtual de boas ações reais,
Contato YURI - Manaus

e mail q to usando é o yuri@impactprinter.com.br e ainda uso o yuri@acordarsemfome.com
92- 9114-0737 92-8186-8601
Contato NAILSON JUNIOR - João Pessoa
nailsonjr@yahoo.com.br - próprio BLOG do ACORDAR

Fiquem à Vontade!!!



Sete estados atingem ODM contra a pobreza

Das 27 unidades federativas brasileiras, sete conseguiram reduzir pelo menos à metade, entre 1991 e 2008, a proporção da população com renda familiar inferior a R$ 255 (meio salário mínimo), meta estabelecida pelo primeiro dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), cujos cumprimentos são previstos até 2015, revela o coordenador do Orbis (Observatório Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade), Alby Rocha, que participou do 3º ciclo de Seminários Estaduais de Acompanhamento dos ODM, entre 23 de abril e 10 de junho.

Dos sete estados, seis ficam no eixo Sul-Sudeste: Santa Catarina lidera os avanços, com 67%, seguido de Paraná (60%), Rio Grande do Sul (54%), Minas Gerais (53%), Espírito Santo (51%) e Rio de Janeiro (50%). Goiás é o único de outra região a alcançar o objetivo 1, com progresso de 53%.

"Já São Paulo não avançou tão rapidamente", explica Rocha. A maior metrópole do país teve resultados bem inferiores: reduziu a pobreza em 30%. O estado possui 5,7 milhões de pobres, sendo que 1,63 milhão de pessoas possuem renda familiar mensal menor que R$ 127,5.

Se Santa Catarina foi o estado que apresentou melhor resultado, Roraima seguiu a direção inversa, com queda de apenas 4% no indicador de pobreza no período analisado. Em compensação, é o que apresenta o menor número de pobres no Brasil: 160 mil. Na região Norte, o Tocantins ficou perto de alcançar a meta, com avanço de 46% no objetivo 1.

Com exceção do Distrito Federal (25%), as outras três unidades federativas do Centro-Oeste fizeram progresso considerável. Goiás ultrapassou a meta, enquanto Mato Grosso (49%) e Mato Grosso do Sul (48%) quase chegaram lá. Por outro lado, o DF é quem possui menos pessoas sob a linha de pobreza na região, com 465 mil.

Já o Nordeste continua apresentando os menores avanços do país. O estado que mais se aproximou da meta 1 foi o Rio Grande do Norte (39%), enquanto o que ficou menos perto foi Alagoas. Em todas as unidades federativas nordestinas, cerca de metade da população se encontra abaixo da linha de pobreza, indicam os dados das sínteses estaduais da região, quando confrontados com estimativas populacionais do IBGE de 2007.

Ciclo de seminários estaduais

O 3º ciclo de seminários estaduais terminou no dia 10 de junho com quatro reuniões estaduais – em Curitiba, Natal, Vitória e Rio Branco. Cada unidade federativa abrigou uma edição do evento, durante as quais foram apresentados os dados contidos na respectiva síntese estadual.

Ao todo, sete mil pessoas participaram dos seminários. Para Maria Aparecida Zago Udenal, que faz a articulação do Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade na Paraíba, o ciclo foi muito positivo. "Foi interessante para as pessoas poderem conhecer como estão os seus estados. O círculo de diálogos ajuda a engajar a sociedade no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio", afirma.

Os seminários também discutiram como trabalhar os ODM na gestão municipal e como a indústria e o setor privado podem atuar mediante seus projetos de responsabilidade social. Ao fim do terceiro ciclo, ficou definido que Curitiba abrigará um projeto-piloto de workshop, em 17 de agosto, que terá apoio do PNUD e buscará mostrar às indústrias paranaenses como elas podem ajudar a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Já a coordenadora da unidade de planejamento do PNUD, Maria Celina Arraes, afirma que os seminários ajudam a enfrentar o desafio da municipalização dos ODMs, levando em consideração as diferenças locais para o cumprimento das metas.

Por sua vez, o assessor da Secretaria Geral da Presidência Davi Schmidt acredita que os núcleos estaduais de auxílio aos ODM, representados por movimentos como o Nós Podemos, saem fortalecidos com a iniciativa. Ele também elogiou a quantidade de informação disponível para planejar ações que ajudem a atingir os objetivos fixados pela ONU até 2015.


http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=3514&lay=pde

21 de junho de 2010

Na China, moradores de rua sofrem com pobreza abaixo de zero

Um dos piores invernos em quatro décadas no norte da China afeta principalmente o crescente número de moradores de rua que vive aos pés dos arranha-céus de Pequim em meio a um frio chega aos -12ºC.

Hua Dexiao, 86 anos, pede dinheiro e vive nas ruas na capital chinesa há dez anos. Ela vive desta forma desde que deixou a província de Henan, na região central da China, para reivindicar em Pequim justiça por um crime do qual foi vítima.

Hua tenta vestir com dificuldade um dos agasalhos trazidos para ela e mais dez moradores de rua por Liu Dejun, responsável por um site que ajuda a proteger esta parcela da população do frio.

O grupo de moradores de rua é bastante diversificado: idosos, pacientes de diferentes doenças, deficientes. Quando perguntados se pedem dinheiro nas ruas, dizem que recolhem lixo ou reciclam garrafas.

Eles mudam quando chega o carro de outro voluntário que entrega cobertores e agasalhos em plena rua. O aparente líder dos moradores de rua comenta com Liu como arrecadar fundos para que os filhos de conhecidos possam estudar; Liu ouve todos e oferece seu cartão de visitas, que traz as frases "Ajude dentro e fora da internet", em chinês, e "Pelos direitos humanos", em inglês.

"Por meio de nossos esforços, esperamos chamar a atenção dentro e fora da China", explica Liu, 33 anos. Ele diz que o objetivo seu grupo de caridade é "despertar a consciência dos cidadãos chineses sobre seus direitos", a fim de limitar "as violações dos direitos humanos" por parte do poder.

Nas últimas semanas, Liu, que é ex-policial, e outros cinco voluntários distribuíram mais de 120 cobertores aos moradores de rua de Yongdingmen e Qianmen, ao sul da Praça da Paz Celestial.

O frio provocou uma campanha espontânea em Pequim que inclui grupos de católicos, muçulmanos, budistas e "gente com coração", como diz Liu. Dias depois, quando o Governo chinês inicia seu plano de ajuda diante das nevascas, já não se vê mendigos pela rua, diz o jornal China Daily.

Liu desconfia das autoridades. Para ele, "não respeitam os moradores de rua, os tratam como prisioneiros".

Os sem-teto se amontoam nas ruínas dos antigos becos imperiais, os "hutongs", que estão a ponto de ser demolidos, entre lixo e roupas; outros, os que têm algum dinheiro, se alojam em casebres baratos alugados por US$ 1 ou US$ 2 diários; os mais desprotegidos tentam se abrigar entre pedaços de papelão e plástico.

Entre eles há desempregados, camponeses que migraram para a cidade, religiosos, acrobatas e muitos pedintes como Hua.

"Agora há muitos pedintes pobres", explica Li Jincheng, protestante e morador de rua de 46 anos. "Frequentemente não posso comer, passo fome. Tomara que mais cristãos participem da ajuda aos pedintes para mostrar a caridade de Deus e estender sua fé", diz.

Não existem na China números oficiais sobre moradores de rua, mas as autoridades asseguram que, entre 1978 e 1995, o governo tirou mais de 200 milhões de pessoas da pobreza.

Segundo a linha de pobreza chinesa (400 iuanes ao ano, US$ 56 hoje em dia), em 2001, 30 milhões de chineses estavam abaixo dela. Os organismos da ONU destacam a rapidez com que a China reduziu sua pobreza, sem precedentes na história.

No entanto, o Banco Mundial (BM) calculou que, no último ano, devido ao aumento do custo de vida na China, tomando como referência a linha de US$ 1 por dia e segundo a paridade de poder aquisitivo do iuane, a quantidade atual de pobres no país asiático chegaria a 300 milhões.

O economista chinês Yao Shujie, professor da universidade britânica de Nottingham, diz que a pobreza está crescendo devido aos comportamentos corruptos dos quadros comunistas, entre outros motivos.

Segundo o Ministério de Assuntos Civis chinês, em 2005, havia 150 mil crianças vivendo nas ruas. Em 1999, por ocasião do 50º aniversário da fundação da República Popular, Pequim expulsou 100 mil moradores de rua da capital, em sua maioria camponeses que vieram tentar a vida na cidade.

Os números sobre a mendicância, considerada uma "profissão" ("zhiye") supostamente digna na China e frequentemente organizada em máfias, não são incluídos nos cálculos oficiais, já que os pedintes são considerados como "população flutuante" por Pequim.

É o que dizem a economista espanhola Leila Fernández-Stembridge e o sociólogo americano Richard P. Madsen, segundo os quais estes mendigos ("qigai") foram ignorados tanto no maoísmo como durante a reforma econômica.


Fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4193135-EI8143,00-Na+China+moradores+de+rua+sofrem+com+pobreza+abaixo+de+zero.html

19 de maio de 2010

Espaço e pobreza.

Notadamente as décadas de 60 e 70 constituíram em períodos de urbanização em nosso país,o fenômeno promoveu mudanças no campo e na cidade, a primeira delas trata-se do êxodo rural, onde o homem do campo procura a cidade em busca de melhores condições de vida e encontrando na maioria das vezes a exclusão social por falta de qualificação.
A segunda mudança diz respeito ao crescimento desordenado das cidades, espaço onde quem não tem propriedade vai viver por um fio nas ruas ou quem tem emprego precário vai morar nas periferias engrossando a massa populacional vitima em potencial de deslizamentos de terra, alem da falta de infra-estrutura, saneamento básico , segurança etc.
As mudanças ocorreram em outro sentido também, quando da permanência do homem no campo, diz ( Santos, 2007, p. 42.), Esse homem do campo é menos titular de direitos que a maioria dos homens da cidade, já que os serviços públicos essenciais lhe são negados, sob a desculpa da carência de recursos para lhe fazer chegar a saúde e educação, água e eletricidade, para não falar outros serviços essenciais.
Certamente, a condição do homem do campo anteriormente comentada não lhe é digna, por esta razão, considera-se (Santos, 2007, p. 109.), o estudo da distribuição da pobreza no espaço supõe que se pesquise a razão pela qual indivíduos dotados das mesmas capacidades potenciais, tem “valor”diferente segundo o lugar em que se encontram.
Por exemplo, criança com seis anos de idade que vive na zona rural em cidade do interior do Amazonas, onde supostamente não tenha energia elétrica e nem conexão com a internet, fica em desvantagem de crescimento intelectual e cultural em comparação com criança que vive em Manaus, onde supostamente esteja mais próxima da possibilidade de “desenvolvimento”.

26 de abril de 2010

Nova York e moradores de rua

Por Nailson jr

Hoje, Segunda-feira é o primeiro dia de trabalho para Seth Diamond, a cidade de novo comissário serviços desabrigados.

Mr. Diamond, 47, vai assumir o comando do sistema de New York alastrando de abrigos, que atualmente abriga mais de 37.000 pessoas.

Ele é o último de uma longa linha de comissários que tentaram domar o problema dos sem-abrigo.

Mr. Diamond terá seu trabalho comprometido para ele a recessão tem contribuído para um número crescente de famílias que procuram abrigo, muitos dos quais perderam recentemente os seus empregos e casas. Ultimamente, mais de 100 famílias todos os dias têm aplicado para o abrigo.

E enquanto o Sr. Diamond tem muita experiência em questões de bem-estar, tendo passado anos trabalhando para a agência da cidade, o bem-estar, ele tem muito pouco conhecimento direto sobre sem-abrigo.

Fonte: http://cityroom.blogs.nytimes.com/2010/04/26/advice-for-the-homeless-commissioner/?src=twt&twt=nytimes

A pergunta é: seguimos o modelo estadunidense ou vamos criar nosso modelo? Me parece que queremos copiar...agora me digam...copiar só é legitmo quando está dando certo?

20 de abril de 2010

HiGIENISMO - LEI DE VADIAGEM - MORADOR DE RUA - SP

Por Nailson Junior

''Limpeza'' do centro?
16 de abril de 2010 | 0h 00

- O Estado de S.Paulo

Depois da desastrada reforma do sistema de albergues, que vem reduzindo as vagas disponíveis para moradores de rua e causou espanto por sua insensibilidade no trato de uma questão particularmente delicada, tendo em vista seus aspectos sociais e humanos, a Prefeitura da capital acaba de tomar uma segunda medida igualmente infeliz em relação a essa população desamparada. Portaria publicada no dia 1.º de abril regulamenta os procedimentos a serem observados pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) no trato com os moradores de rua, cabendo-lhe "contribuir para evitar a presença de pessoas em situação de risco nas vias e áreas públicas da cidade e locais impróprios para a permanência saudável das pessoas". Isto deverá ser feito por meio da "abordagem e encaminhamento das pessoas, observando as orientações da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social".

Isto quer dizer, como explica Bruno Paes Manso em reportagem publicada no Estado de quarta-feira, que os guardas poderão incomodar os moradores de rua, para levá-los a deixar essa condição. Uma das formas de fazer isso é o chamado "toque de despertar". Em vários locais do centro da cidade - como a Praça da Sé e em frente à Bolsa de Valores -, os guardas estão acordando diariamente os que dormem deitados nas calçadas. Eles podem ficar ali, desde que sentados.

Por trás dessa maldade à primeira vista pequena - mas que na verdade é uma revoltante forma de sadismo, por serem as suas vítimas quem são - está uma mudança profunda na maneira de a Prefeitura tratar o problema dos moradores de rua. Na região central, serviços públicos e instituições religiosas proporcionam alimentação, banho e até oficinas de capacitação a essa população, o que constituiria um incentivo para que ela se acomodasse. A ação da GCM seria uma maneira de forçá-la a sair da condição atual.

Isto é confirmado por um inspetor da GCM ouvido pela reportagem, que preferiu por razões compreensíveis manter o anonimato. O próprio secretário de Segurança Urbana, Edson Ortega, admite isso indiretamente, ao concordar que o "incômodo" causado àquela população tende a estimulá-la a deixar a rua. Segundo ele, os moradores de rua estão procurando cada vez mais os serviços sociais oferecidos pela Prefeitura. Ora, se esses serviços são tão bons, seus beneficiários não precisam ser empurrados para eles por meio dos tais "incômodos".

Diz o secretário que os responsáveis por essa nova política não estão inventando a roda, pois "os países mais desenvolvidos seguiram essa linha". Ele não está bem informado. Em Paris, como mostra a reportagem, várias ONGs doaram, em 2006, 500 barracas vermelhas para os sem-teto pernoitarem perto dos pontos turísticos da cidade e, assim, chamar a atenção do poder público para o seu problema. O que fez o governo francês? Em vez de mandar a polícia "incomodar" os sem-teto, para incentivá-los a mudar de vida, decidiu investir 7 milhões na construção de moradias para eles.

Algo semelhante deveria fazer a Prefeitura paulistana. Até porque existe toda uma estrutura montada para socorrer essa população. Entre 2002 e 2009, os recursos disponíveis para isso passaram de R$ 201,6 milhões para R$ 615,8 milhões. Um contingente de 452 agentes de proteção social, com o apoio de 40 Kombis, está apto a dar assistência aos moradores de rua e encaminhá-los aos albergues.

A nova política do "incômodo", do "toque de despertar", veio se juntar à reforma do sistema de albergues, que, com o fechamento de dois deles, já reduziu suas vagas de 8 mil para 7.300, justamente quando estudo promovido pela própria Prefeitura indica que o número de sem-teto está aumentando. Essas duas medidas parecem dar razão, infelizmente, aos que vêm acusando a Prefeitura de querer "limpar" o centro. Ou ela dá logo alguma explicação para atitudes marcadas por uma insensibilidade que beira o inacreditável ou não haverá como contestar tal acusação.

Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100416/not_imp539044,0.php


* 09/08/2009 - 05:49:46 - Atualizado em 09/08/2009 - 05:49:46


Lei que pune a vadiagem causa polêmica em Assis (SP)
09/08/2009

A aplicação da lei que pune a vadiagem na cidade de Assis, no interior paulista, está causando polêmica entre os moradores. Alguns defendem a ação, enquanto outros reforçam que é preciso ter critério ao abordar as pessoas e oferecer emprego aos desocupados.

Em abril deste ano, 20 mil pessoas participaram de uma manifestação cobrando das autoridades medidas mais eficazes para garantir a segurança no município. O resultado foi a troca de todo o comando das polícias Militar e Civil e a implantação do Programa Tolerância Zero.

A dona de casa Maria Aparecida de Moraes, de 53 anos, disse apoiar a lei porque a cidade está um caos por causa da criminalidade. Para ela, muitas pessoas que ficam nas ruas realmente estão procurando emprego, mas outras são desocupadas e até planejam crimes.

“Outro dia quase roubaram um cordão de ouro do meu pescoço. Só não conseguiram porque eu percebi antes. Então, eu aprovo a lei porque muitas pessoas são de bem. Pelo menos os que são bandidos vão diminuir porque vão ficar com medo de ser presos." Ela mora na cidade há 30 anos e disse que nunca viu a situação tão ruim como atualmente. “A situação piorou depois que construíram o presídio aqui."

Outra dona de casa, Marilene de Almeida e José, de 59 anos, concorda e diz aprovar a lei porque tem visto muitas pessoas serem vítimas de roubos enquanto andam pela rua. Ela atribui o aumento da criminalidade na cidade à falta de emprego e oportunidades para as pessoas. “Tem que ter lei, mas tem que ter trabalho para as pessoas. Se não há trabalho, eles vão roubar mesmo. E serviço em Assis está muito difícil”, afirmou.

A gerente de um restaurante da cidade, Ana Rita Spessoto, de 39 anos, disse que é ótimo que tirem da rua todas as pessoas que estão “à toa”, mas considera errada a aplicação da lei porque pessoas de bem, que não trabalham, podem ser confundidas com vadios. “E se ela não precisa trabalhar, tem um bonde de dinheiro e está passeando na rua, não tem carteira de trabalho ainda? A polícia vai fichar essa pessoa só por isso? Eu acho errado. Não é todo mundo na rua que precisa trabalhar." Para ela, é preciso encontrar uma maneira de diferenciar as pessoas antes de aplicar a lei.

Uma comerciante de 34 anos, que não quis divulgar o nome, avaliou que há pessoas que trabalham por conta própria ou sem registro e não têm como comprovar. Por isso, ela disse que é preciso cuidado para não cometer injustiças. Entretanto, destacou que a criminalidade em Assis está muito alta e é preciso uma atitude drástica da polícia. “É complicado porque de repente a pessoa está só andando na rua e logo depois está na delegacia sendo fichada. E tem também o lado da polícia que não está conseguindo distinguir as pessoas boas das ruins."

O proprietário de uma padaria da cidade, que também não quis seu nome publicado, ressaltou que há algum tempo tem percebido o aumento da violência e criminalidade em Assis, que tem menos de 100 mil habitantes. Para ele, o programa Tolerância Zero das polícias Militar e Civil está sendo positivo para conter essa onda de crimes.

“Em um mês já melhorou muito. Foi a melhor coisa que fizeram. A aplicação da lei da vadiagem é uma coisa boa, mas é preciso dar oportunidade para as pessoas, porque emprego está difícil hoje em dia. É complicado porque também tem muita gente que não quer trabalhar. Essa ação da polícia vai tirar as turminhas da rua. Muitas já não estão ficando na rua como antes, porque já ficam com mais receio. Isso está funcionando bem aqui”, disse.

Fonte: http://www.mundomulher.com.br/?pg=17&sec=37&sub=52&idtexto=8124&keys=Lei+que+pune+a+vadiagem+causa+polemica+em+Assis+%28SP%29++


Considerações:

No livro Moradores de rua: uma questão social? está muito bem explicado a questão do primeiro texto, sobre uma pesquisa realizada entre policiais brasileiros e franceses diz(Giorgetti,2006, p. 124.)," é interessante notar que eles constituem a única categoria que confessou sentir uma certa indiferença em relação aos moradores de rua".
Para pensadora paulista, a indiferença é causa do higienismo, contudo entre os policiais brasileiros a violencia também serviu como estopim para que policiais tivesse praticas higienistas.
o higiesnismo absoluto esta relacionado com o exercicio da violência na hora da retirada do morador de rua do espaço público. Hoje em dia, é feio para o Estado se comportar dessa maneira, no entanto, o discurso do ficar sentado para descaracterizar contravenção passou dos limites da dignidade humana.
Ao nosso olhar, trata-se de higienismo absoluto, com palavras você pode ferir mais do que com uma arma.
São Paulo não é a unica capital a ter no ente municipal postura descrita, embora, possamos perceber que o problema não é resolvido desta forma, visto que varias são as falas nas reportagens a respeito de oportunidade de trabalho, solidariedade, no entanto, o Estado não fala bem de quem ajuda moradores de rua e ainda quer resolver o problema burocraticamente.
Francamente, quem vive o problema tem outra percepção.

Bem, deixo desabafo e texto para reflexão em todas as cidades brasileiras.

14 de março de 2010

SOPÃO SOLIDARIEDADE - LIÇÃO DE CIDADANIA

João Pessoa, 13 de março de 2010.

UMA DIVÍDA COM A CIDADANIA

Hoje peguei a bicicleta e fui ao encontro do homem da sopa de João Pessoa, escolhi dia e momento apropriado para fazer um cicloturismo.
A entrevista com Antônio Petrônio de Souza, 44 anos, autônomo, conhecido popularmente como Toinho do Bolo ou Toinho do Sopão da Solidariedade se passa ao lado do antigo Cinema Municipal,para quem não mora aqui, é perto da Lagoa.
Ele é fundador do Grupo de Voluntários Sopão da Solidariedade com o nome do Projeto Sono sem Fome, funcionando desde julho de 2001. Esse Projeto tem como objetivo alimentar as pessoas moradores de rua e quem tem baixa renda. "Atendendo a todos, independente da raça, credo e denominação política".O Sono Sem Fome não visa fins lucrativos e nem tem caráter político, o Projeto Sono sem Fome surge mesmo antes do homem político Toinho do Bolo. Com as palavras dele:

"os que podem, chegam e tomam um copo de sopa e contribuem com 25 centavos, os que não podem contribuir tomam também sopa até saciar sua fome, podendo repetir quantas vezes quiser".

Agenciapb: Como tudo começou?

Toinho do Bolo: Uma divida de favor, ao chegar da cidade de Piancó, minha irmã era empregada doméstica na casa de um dentista no bairro dos Estados, minha família pediu hospitalidade na casa do Doutor Valdir e Doutora Alcira durante 16 dias, nesse período, a família do doutor Valdir nos alimentou, deu comida e dormida para nossa família de 5 pessoas, tudo isso com a famosa e característica hospitalidade pessoense.
Foi nesse período que eu aprendi o sentimento da solidariedade, e prometi a mim mesmo que um dia eu pagaria da mesma forma, ou seja , fazendo bem sem olhar a quem.

Agenciapb: Como surgiu o Sopão da Solidariedade?

Toinho do Bolo:surgiu ,da seguinte forma,após 17 anos da casa do Doutor Valdir , assisti uma reportagem na TV sobre a fome no nosso país, a reportagem me sensibilizou.

Agenciapb: O intervalo entre assistir a reportagem para criar o Sono sem Fome, como foi?

Toinho do Bolo:nesse período vendia bolo a quatro reais e cinqüenta centavos e o pessoal me dava cinqüenta centavos para sopa, então com esse dinheiro, eu montei o primeiro carrinho de sopa com capacidade de apenas 80 litros.

Agenciapb: quem lhe ajudou?

Toinho do Bolo: os comerciantes locais, comerciários, e os transeuntes.

Agenciapb: Fale um pouco do desenvolvimento dos carrinhos da entrega da sopa?

Toinho do Bolo: A demanda cresceu o número de pessoas aumentou muito , então, foi necessário fazer o segundo carrinho, com capacidade para 460 litros de sopa, um ano depois da feitura do primeiro carrinho. Hoje, são dois carrinhos de com capacidade 230 litros cada um.

Agenciapb: Como você faz para manter a continuidade desse Projeto, durante todo esse tempo?

Toinho do Bolo: Bem, ao perceber que as pessoas assistidas não tinham condição de ajudar, me disponibilizo de um serviço de som, fico com o microfone convidando as pessoas a participarem deste projeto, desta forma as pessoas vão contribuindo como podem.

Agenciapb: quantas pessoas são envolvidas para fazer a sopa?

Toinho do Bolo: 5 pessoas, sendo que 4 são remuneradas, me excluo dessa remuneração. Dedico-me por 4 horas de trabalho voluntariado por dia nesse projeto.O cozinheiro, o entregador da sopa, e duas voluntárias que pedem as contribuições são pagas com a contribuição arrecadada.

Agenciapb: Toinho , não tem como essas pessoas que compõem a sua equipe tornarem-se voluntárias, ou seja trabalhar sem remuneração?

Toinho do Bolo: não

Agenciapb: Por quê?

Toinho do Bolo: Motivo, a nossa obra funciona todos os dias úteis, de segunda à sexta, portanto, não tem como arranjar voluntários todos os dias. Por isso, é necessário pagar uma equipe para dar continuidade na obra.

Agenciapb: Quais são teus planos para o futuro do Sono sem Fome?

Toinho do Bolo: Bem, tenho um sonho não apenas doar 1000 pratos de sopa por dia mas também gostaria de doar o pão, porém nunca uma padaria se prontificou de ajudar.

Agenciapb: Quais são as verdadeiras dificuldades de se manter um Projeto como este?

Toinho do Bolo: São muitas, período de chuva a arrecadação do dinheiro cai bruscamente além de grupos religiosos e políticos locais não ajudarem.

Agenciapb: Quantas pessoas você ajuda em média por dia?

Toinho do Bolo: Varia muito, pois, não depende de mim e sim do que eu arrecado. Veja bem, quando arrecado muito são mil pratos por dia , quando arrecado médio são 750 pratos por dia , quando arrecado pouco são 500 pratos por dia, ao custo de trinta e três centavos cada prato. Dando uma média de 600 a 700 pessoas atendidas por dia.

Agenciapb: Qual faixa etária você mais atende?

Toinho do Bolo: mais adultos

Agenciapb: Quem quer ser voluntário da sua equipe , como proceder?

Toinho do Bolo: Tem que ligar para o meu número de celular: 83-8862-4835 ou vir ao meu endereço na rua pastor Antônio Petronilo dos Santos, 55, Centro ou ainda no local de distribuição no Parque Sólon de Lucena ao lado da Loja Esplanada. (na Lagoa)

Pois bem, imensa satisfação primeiro em conhecer Sono sem Fome, emoção semelhante quando conheci pessoal Turma da Sopa de São Paulo e depois por conhecer um Projeto que tem relação com meu tema de Mestrado, sem falar no valor da amizade que gera a força da solidariedade.
Bom conhecer pessoas que tem fibra para ajudar outras.
Ajude você também! Os contatos estão aí.

Fiquem com Deus e até a próxima...
Sempre lembrando, se beber não dirija!!


Nailson Júnior, 40 anos, Músico.

nailsonjr@yahoo.com.br


FONTE: www.agenciapb.com.br

4 de março de 2010

"Denunciei a fome como flagelo fabricado pelos homens, contra outros homens".

Josué de Castro é uma destas figuras marcantes de cientista que teve uma profunda influência na vida nacional e grande projeção internacional nos anos que decorreram entre 1930 e 1973. Ele dedicou o melhor de seu tempo e de seu talento para chamar a atenção para o problema da fome e da miséria que assolavam e que, infelizmente ainda assolam, o mundo.

Nascido no Recife e graduado em medicina pela Universidade do Brasil em 1929, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro, logo nos primeiros anos de formado, entendeu que “a fome” estava presente na vida de grande parte da população brasileira.

Crítico das especializações, seu trabalho científico foi marcado pela multidisciplinaridade. E a fome foi sua principal e corajosa escolha. Mas além da fome, também estudou questões de interesse global que lhe são relacionadas, como o meio ambiente, o subdesenvolvimento e a paz.

A apropriação injusta e ilegal da generosidade e abundância dos recursos da natureza, é, segundo Josué, responsável pelo subdesenvolvimento, gerador de miséria e a fome. A paz dependeria, fundamentalmente, do desarmamento aliado a um equilíbrio econômico do mundo, a partir de uma distribuição da riqueza visando o verdadeiro desenvolvimento a ser buscado, o humano.

Foi um cientista incansável e, na metade do século passado, contrariando o pensamento então dominante, empreendeu trabalho científico que desnaturalizava a fome.

Ao escrever, em 1946, o festejado livro “Geografia da Fome” afirmava que a fome não era um problema natural, isto é, não dependia nem era resultado dos fatos da natureza, ao contrário, era fruto de ações dos homens, de suas opções, da condução econômica que davam a seus paises.

Nas obras científicas que se seguiram, Josué ampliou suas convicções e aprimorou seus conceitos, visando sempre a inclusão social. Compreendeu que era imprescindível aumentar a renda do trabalhador, e foi um dos precursores na defesa do salário mínimo. Sabia dos males que a nutrição deficiente, nas crianças, poderia acarretar, e ajudou a formular a política de merenda escolar, iniciativa que ainda hoje atende a expressivo número de estudantes em nosso País. Na agricultura familiar, tinha certeza, estaria a melhor forma de fixar o homem no campo e possibilitar sua alimentação. Assim, combateu o latifúndio e defendeu a reforma agrária. Recebeu o Prêmio Internacional da Paz e indicações para receber o Prêmio Nobel da Paz . Percebeu, prematuramente, as agressões que sofria o meio ambiente e colocou-se como um combatente ecológico, em tempos em que até a expressão ainda era novidade.
Após uma longa carreira de êxitos científicos, Josué de Castro teve seus direitos políticos cassados pelo regime militar que dominou o País a partir de 1964. Exilou-se em Paris onde passou a lecionar na Sorbonne., e onde morreu em 1973, sem ter voltado vivo ao seu País. morreu sem mesmo ter recebido oficialmente e nominalmente anistia . O cidadão do mundo Josué de Castro não viveu para ver restabelecida sua condição de cidadão brasileiro. Foi um profeta, um homem a frente de seu tempo.

Entendia que o desequilíbrio, provocado pela desigualdade econômica, poderia ocasionar mais estragos para a humanidade do que as diferenças ideológicas. “O que divide os homens não são as coisas, são as idéias de que eles têm das coisas, e as idéias dos ricos são bem diferentes das idéias dos pobres”, pregava, com surpreendente clareza, para os tempos da guerra fria.

Foi, ainda, capaz de prever a ampliação da chamada globalização, na qual a vida econômica é comandada pelas empresas, representando os Estados que são meros executores da política territorial e econômica das mesmas. Processo que aumenta a concentração geográfica e acentua as diferenças regionais, contrariando o desenvolvimento humano.

Entretanto, a modernidade e a globalização que Josué previu e desejou seria aquela em que a tecnologia mais avançada seria utilizada para melhor distribuir a riqueza, quer do ponto de vista geográfico, quer do econômico, e trazer uma era de bem-estar e de verdadeiro progresso para a humanidade.

O ano de 2008 assinala o centenário de nascimento de Josué de Castro. Um brasileiro cuja trajetória de vida merece ser lembrada. Médico, escritor, político, professor, cientista social, um homem de múltiplos saberes e de ações que sempre visavam atender os anseios dos mais pobres, especialmente daqueles que enfrentavam o problema da fome e suas conseqüências.

Anna Maria de Castro
Professora titular da UFRJ
Doutora em Sociologia Aplicada
(filha de Josué de Castro)

Fonte: http://www.josuedecastro.com.br/port/index.html

Artista plástico de João Pessoa faz sucesso em Minas

Paraibano de João Pessoa - precisamente do bairro de Jaguaribe -, o ex-morador de rua e artista plástico Aristóteles de Góes Correia está agitando o mundo artístico de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.
Sob o título "Elucubrações de Aristóteles", a partir do Dia Internacional da Mulher (8 de março) ele vai expor 22 de suas melhores telas no Restaurante Casa dos Contos. Os quadros misturam figuras imaginárias, inocentes anjos barrocos e imagens de santos multicoloridas.
De acordo com o material distribuído para divulgação pela Maison Escola de Arte, de Minas Gerais, Aristóteles de Góes elege a figura sem ignorar a arte abstrata. O arco de referências do artista plástico é amplo e dispensa barreiras. Sua última fornada de obras exprime esse momento: reúne lirismo, religiosidade, delicadeza, ironia e exuberância cromática.
Ex-aluno do Colégio Estadual de Jaguaribe, o artista pessoense criou uma aura de brasilidade que dialoga com a cultura pop. Esse hibridismo aparece nas 22 telas através de uma assumida influência da religiosidade popular, onde se misturam figuras imaginárias, inocentes anjos barrocos e imagens de santos multicoloridas.
“As pessoas e as crenças despertam meu olhar, meu interesse e minha reflexão. Representá-las, de um modo imaginário tornou-se o eixo principal de minha criação”, relata Aristóteles.
Segundo o curador da mostra, o crítico de arte Glauco Moraes, o desenho, linguagem com a qual o artista possui mais afinidade, é denso e expressivo. “Representa um espaço ‘interno’ que se desenvolve a partir das sensações e vivências do mundo de Aristóteles. Suas figuras tratam de questões humanas, de um modo de se relacionar com o mundo exterior, com as pessoas reais.”
Morando na rua

Aristóteles desperta a atenção da crítica especializada tanto pelo talento nas artes plásticas, como pela sua história pouco comum: aos 17 anos, recebeu do pai, o ex-combatente de guerra José Correia Tetéu, um presente de grego: a passagem de ônibus com destino ao Rio de Janeiro, pela empresa Itapemirim, só para a ida.
"Vá viver a sua vida como quer; quem tem filho barbado é gato", disse-lhe o pai, em 1990, quando despachou o menor de idade para um destino incerto. Ele estava inconformado com a opção de Aristóteles pela arte de pintar.
Ao Portal Correio Aristóteles contra que "ficou gelado" dentro do ônibus por não saber o que lhe aguardava dalí em diante. Foram cinco anos 'morando' nas ruas do Rio de Janeiro; outros cinco nas ruas de São Paulo e incursões até por aldeias indígenas do Acre.
Ele disse que o pai até hoje mora no Bairro de Jaguaribe, um dos mais antigos da Capital da Paraíba e onde passou a sua infância, junto com o irmão Antônio Marcos.
Serviço

Exposição: Elucubrações de Aristóteles, do artista plástico Aristóteles de Góes.
Período: 8 de março a 5 de abril
Local: Restaurante Casa dos Contos – Rua Rio Grande do Norte, 1.065, Savassi.
Horário: diariamente, das 11h às 24h
Entrada franca
Mais informações: (31)3261-5885 – Maison Escola de Arte
Wellington Farias

Fonte : Correio da Paraíba

3 de março de 2010

sopão da solidariedade - João Pessoa

Por Nailson Junior

Hoje fui ao Centro Histórico, cheguei na Lagoa procurando a FUNJOPE a Fundação de Cultura de JP, quando estava voltando, era a hora da sopa e fui la ver. Fiquei muito surpreso, aliás,com esse tipo de trabalho isso é comum, a gente se surpreender.
Primeiro com o som que é utilizado na entrega, muitas pessoas na fila como em Manaus.
Muitas diferenças mas também muitas semelhanças com nosso projeto mas eles estão bem mais adiantados por entregarem 5 dias na semana e há mais de 15 anos.
Outra coisa que me chamou atenção é que o Toinho ( o responsável e fundador) aceita ajuda minima de 0,25 centavos no meio da praça da Lagoa , o Acordar na entrega não tem arrecadação de dinheiro.
Eles criaram um carrinho a exemplo do que tinhamos.
É fixo o ponto deles, o nosso apesar de ter diminuido número de pontos para dois, ainda é volante.
Sopão Solidariedade começa 17h o Acordar a partir das 23h15min.
Se entregamos 20 mil refeições pelas estatísticas de quatro meses atrás eles por dia entregam 460 litros de sopa, só conseguimos chegar aos aproximadamente 200 litros quando supermercado da cidade colaborava.
O público aqui é maior devido concentração ser de dia, atende muitos trabalhadores o nosso pela hora atende maioria da população da rua.
Assim como no Acordar o Sopão da Solidariedade a sopa acaba rápido. fui tirar cópia de um documento, 30 minutos depois aundo voltei já não tinha mais nada.
Pois bem, mais detalhes anexo aqui, devido Toinho será um dos próximos entrevistados para agência paraíbana de notícias(agenciapb).
Espero que iniciativas como essa sempre esteja em todas as cidades. Parabenizo mostrando mais uma semelhança: o acordar é sem fome pra vencer na vida o deles é sono sem fome prara vencer. Felicitações pelo Projeto Toni.
Finalizo, dizendo que as diferenças e semelhanças não são para diminuir ou engrandecer qualquer dos Projetos mas sim mostrar que existem maneiras diferentes e todas validas de ajudar ao próximo.Basta você querer!

1 de março de 2010

POLÍTICAS PÚBLICAS E MORADOR DE RUA

POR NAILSON JUNIOR,

Morador de rua, sociedade e agente aplicador da lei: quem é o culpado?
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Paulo Rogério de Souza · São Paulo (SP) · 4/11/2008 12:02 · 52 votos


Morador de rua, sociedade e agente aplicador da lei: quem é o culpado?

Fato: Agressão praticada por agentes da administração publica contra moradores em situação de rua, com a conivência do agente aplicador da lei, em Operação de Zeladoria Urbana, realizada na Praça da Sé – SP.
(Matéria veiculada no Jornal “O Trecheiro”, do mês de abril do ano corrente).
Tal situação ocorreu no centro da cidade de São Paulo, entretanto, cabe registrar que este problema não é exclusivo desta cidade, coexistindo em todos os grandes centros urbanos do país.
Analisando a referida matéria, aliando às experiências adquiridas e aos estudos efetuados em relação conflito histórico em questão, verifica-se que somos conduzidos a uma situação antagônica e de difícil resolução.
A primeira consiste na total falta de opção de uma minoria excluída, que, geralmente são homens com idade média de 40 (quarenta) anos, sem família, desempregados, com problemas de alcoolismo e depressão; muitos já sofreram algum tipo de violência física, tais como facadas e atropelamentos; as mulheres têm sérios problemas ginecológicos, sofrem abortos espontâneos e, posteriormente, não contam com nenhum tipo de tratamento, e são obrigados a permanecerem nos logradouros, praças, parques e até mesmo em via publica, locais estes onde devem ser efetuada a manutenção diária, para preservação, pela administração pública. A segunda consiste no direito dos demais integrantes da sociedade, de transitarem por suas praças e logradouros, em condições perfeitas de asseio, conservação e segurança.
Para realização das solicitações dos usuários do município e das obrigações da administração pública, entra em cena o agente aplicador da lei, dando suporte de segurança e preservando a integridade física dos agentes da administração pública, bem como dos moradores em situação de rua, na mediação e administração dos conflitos evidenciados no cotidiano.
Todos os servidores confirmam, que em muitas situações, os moradores de ruas se mostram arredios, quando solicitados para se levantarem e desocuparem o espaço onde será efetuada a conservação. Cabe ressaltar que a não execução desta tarefa, por parte da administração pública, caracteriza omissão por parte do Estado.
Por sua vez, este grupo defende-se, alegando não ter onde ficar e sua revolta e rebeldia recai na tese de que a solicitação é feita com ‘brutalidade” e, quando o local é lavado e molhado, não é possível mais permanecer ou sentar-se. Desta forma, acredito que não exista uma ação violenta, por parte do morador em situação de rua, e sim uma reação que pode ser caracterizada pela violência sofrida e pela falta de atendimento e preservação dos seus direitos fundamentais.
Cito ainda que podemos observar que a responsabilidade do agente público originou-se de sua ação, “possivelmente inadequada”, para a situação, entretanto, que está respaldada no anseio de cumprir a sua missão, a qual é esperada e cobrada pela outra parcela da sociedade, como os transeuntes e comerciantes do local. Também podemos observar que na maioria dos relatos existe uma situação de intolerância e, algumas vezes, de arrogância e um sentimento de vingança por parte dos grupos citados, onde na verdade estes sentimento e ressentimentos são desencadeados pela falta de diálogo entre estes grupos, pois todos sofrem com as arbitrariedades de um governo que acredita e faz o que acha melhor para esta camada da sociedade, porém sem propiciar ou oferecer oportunidades de participação e inclusão de qualquer política afirmativa a seu favor.
Digo ainda que devemos olhar para esta situação, não com o intuito de apontar culpados, mas sim com um olhar crítico e criando um ajustamento de conduta por parte dos envolvidos, já que estamos lidando com pessoas, as quais podem ter desvios de conduta, porém são vitimas de uma sociedade que não se preocupa com a qualidade de vida dos seus semelhantes, tendo esta parcela da sociedade que coexistir dentro do mesmo espaço e tempo.

São Paulo, 16 de maio de 2008.





PAULO ROGÉRIO DE SOUZA
Inspetor Chefe Regional
R.F. 733.625.000
FONTE:http://www.forumseguranca.org.br/artigos/morador-de-rua-sociedade-e-agente-aplicador-da-lei-quem-e-o-culpado

20 de fevereiro de 2010

Olha O Amor AÍ!!!

"Pois o amor resgata a pobreza, vence o tédio, ilumina o dia e instaura em nossa natureza a imperecível alegria.'' Drummond

18 de fevereiro de 2010

OS ICONES ODM BR

Os ícones dos Objetivos do Milênio

'ODM já são conhecidos; agora precisam ser praticados'
Publicitário que desenvolveu a campanha brasileira dos Objetivos do Milênio, diz que ênfase agora deve ser o cumprimento das metas.

MARÍLIA JUSTE, da PrimaPagina (fonte: PNUD)

Premiada internacionalmente, adotada em países tão diversos quanto Itália e Albânia, a campanha brasileira de divulgação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio conseguiu fazer com que as metas adotadas pelos países da ONU se tornassem mais conhecidas da sociedade. O passo principal, agora, deve ser incentivar para que os Objetivos sejam colocados em prática. A avaliação é do publicitário Percival Caropreso, que coordenou a criação dos logotipos e das mensagens da campanha brasileira, a "Nós Podemos: 8 Jeitos de Mudar o Mundo". "Quando você lança um carro ou um refrigerante, logo em seguida você faz uma promoção para vender mais. O momento agora é criar um pacote de comunicação para que as metas e os objetivos, agora já conhecidos, tornem-se mais praticados", compara.

Caropreso foi por 15 anos vice-presidente da McCann-Erickson para o Brasil e a América Latina e acumulou também as funções de gerente-geral da empresa em São Paulo, diretor de criação da McCann-Erickson Brasil e coordenador de criação para a América Latina. Paralelamente a essa trajetória de sucesso na publicidade comercial, ele ainda obteve reconhecimento nos 20 anos em que trabalhou voluntariamente para causas sociais. Foi dele a primeira campanha publicitária voltada ao voluntariado do país, feita em 1997. A atuação na área lhe rendeu o Prêmio ODM Brasil 2005, uma iniciativa do PNUD, do governo federal e do Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade.

Fonte: http://www.odmbrasil.org.br/noticias_detalhes/25/os--icones-dos-objetivos-do-milenio

11 de fevereiro de 2010

CARTILHA DE PROCEDIMENTOS

Orientações para iniciantes.
Projeto Acordar Sem Fome

Cartilha


O que se pede:

Traje para entrega:
Homens: camiseta e calça
Mulheres: camiseta e calça
É necessário discrição no se vestir para não chamar atenção de nossos amigos da rua.

É vedado qualquer forma de propaganda política no ato da entrega da sopa, até mesmo as que se apresentam de forma indireta, lembramos que nosso projeto nunca teve nem irá ter finalidade política, por isso, não vamos confundir as coisas.

Na hora da entrega vamos evitar comentários que não dizem respeito ao desenvolvimento do projeto, as conversas paralelas quando acontecerem devem ser de forma discreta para não atrapalhar o ritmo da entrega.

Todos os membros devem se preocupar com todas as fases do projeto desde o preparo da sopa até a limpeza dos instrumentos da cozinha.

O dia que o voluntário não puder ir a entrega deve comunicar ao coordenador com antecipação para que seja minimizada sua ausência.

Nunca prometa ao morador de rua o que você não irá poder cumprir, nessas condições o melhor é não prometer mais agir.

Não dê dinheiro mesmo que beneficiário do Projeto insista em pedir.

Saiba quem você convida a participar, faça estudo para ver se a pessoa convidada combina com filosofia do grupo.
Postado por BLOG DO PROJETO ACORDAR SEM FOME às 20:24

5 de fevereiro de 2010

Campanha 2010, tome uma atitude.

Você sabia que...

- Mais de um bilhão de pessoas no mundo vive com menos de um dólar por dia;
- Cada dia, morrem, por causa da fome, 24 mil pessoas. 10% das crianças, em países em desenvolvimento, morrem antes de completar cinco anos...
- um terço da população é mal alimentado e outro terço está faminto.
- Que a cada dia 275 mil pessoas começam a passar fome ao redor do mundo. O Brasil é o 9º pais com o maior número de pessoas com fome...
- Atualmente, cerca de 1,2 bilhão de pessoas se encontra no estado de alta pobreza devido às condições climáticas de suas regiões.

Você Sabia?
- Mais de um bilhão de crianças, a metade dos menores do mundo, é castigado pela pobreza, as guerras e a Aids;
- Todos os dias, o HIV/AIDS mata 6.000 pessoas e infecta outras 8.200 .
- Todos os anos, seis milhões de crianças morrem de má nutrição antes de completar cinco anos.
- Cerca de 90 mil crianças e adolescentes são órfãos no Brasil, à espera de uma adoção.
- a escassez de água já atinge 2 bilhões de pessoas. Esse número pode dobrar em 20 anos...

Você Sabia?
- Cerca de 100 milhões de pessoas estão sem teto;
- No Brasil, são 33,9 milhões de pessoas sem casa. Só nas áreas urbanas, são 24 milhões que não possuem habitação adequada ou não têm onde morar.
- Que vinte e cinco milhões de pessoas são dependentes de drogas no mundo;
- Que os indígenas continuam a ser vítimas de assassinatos, violência, discriminação, expulsões forçadas e outras violações de direitos humanos.

Você Sabia?
- Mais de 2,6 bilhões de pessoas não têm saneamento básico e mais de um bilhão continua a usar fontes de água imprópria para o consumo.
- Cinco milhões de pessoas, na sua maioria crianças, morrem todos os anos de doenças relacionadas à qualidade da água.
- No mundo inteiro, 114 milhões de crianças não recebem instrução sequer ao nível básico e 584 milhões de mulheres são analfabetas.

Você Sabia?
- Que é gasto 40 vezes mais dinheiro com cosméticos do que com doações...
- é gasto 10 vezes mais dinheiro com armas do que com educação básica;
- O Brasil é campeão mundial de desmatamento. Em segundo lugar está a Indonésia: 18,7 km2 por ano e, em terceiro, segue o Sudão, com 5,9 km2.
- O país perdeu um campo de futebol a cada dez minutos na Amazônia, nos últimos 20 anos.

...Agora você já sabe.

E vai ficar aí parado? Tome uma atitude.

Milhões de Pessoas em Pobreza Extrema Precisam da sua Ajuda!
Seja Voluntário você Também! Junte-se a nós.

Planeta Voluntários

Fonte: http://www.planetavoluntarios.com.br
Uma rede social por um mundo melhor.
"O que fazemos por nós mesmos morre conosco,o que fazemos pelos outros permanece e é eterno."
Tenha um Feliz 2010!!!.

Moradores de Rua - Campinas - Exemplo a ser seguido BRASIL.

Por Nailson Jr


Fonte:http://www.puccamp.br/servicos/detalhe.asp?id=36921
Do Clipping Eletrônico - Departamento de Comunicação, PUC-Campinas

Ação solidária distribui calor humano

26/06/2008



Cerca de 20 voluntários percorrem a cidade oferecendo sopa, leite quente, agasalhos e cobertores a moradores de rua





A ação Amizade no Inverno, realizada pelo Grupo da Amizade — casa de apoio a portadores de HIV/Aids —, levou, pelo sétimo ano consecutivo, um pouco de conforto e calor humano aos moradores de rua de Campinas na madrugada de ontem.

Cerca de 20 voluntários, entre coordenadores, funcionários e usuários da instituição, percorreram as ruas da cidade oferecendo sopa e leite quente, agasalhos e cobertores às centenas de pessoas em situação de rua. “Não temos como abrigar todos, então nos mobilizamos para amenizar um pouco a situação, trazendo alimentos e proteção contra o frio”, disse Fernando Bueno, um dos organizadores da ação.

“Estou há 12 anos na rua. Desde que saí da cadeia e minha família não quis mais saber de mim. A sopa ajuda a encarar o frio”, resumiu Luciano de Lima, de 26 anos, natural da Paraíba e que vive na praça da Catedral Metropolitana junto com pelo menos 30 outras pessoas. Fábio de Souza Nunes, de 28 anos, disse que veio há alguns dias de Mogi das Cruzes em busca de trabalho, mas só conseguiu um bico como ajudante na feira de artesanato nos fins de semana. “O que ganho não dá para pagar uma pensão. A alternativa é ficar na rua”, lamentou, citando que logo que chegou teve as roupas e documentos roubados. “A ajuda dos voluntários é muito importante para quem está na rua”, disse.

Fernanda Gouveia, de 42 anos, que vive atualmente na Casa da Amizade, estava emocionada por ajudar os moradores de rua. “Já passei por isso. Era alcoólatra, usava drogas e vivia nas ruas. No Inverno, o que já é ruim fica ainda pior”, afirmou. Ela hoje trabalha como faxineira e faz bordados.

“Viver na rua é triste demais. Enfrentei essa situação quando meus pais morreram. Depois, na casa, encontrei uma família, novos irmãos. É muito bom poder ajudar quem está nessa situação”, disse o travesti que se identificou apenas como Maria, de 42 anos. Paulo Rogério, de 29 anos, também enfrentou a vida nas ruas devido à dependência de drogas. “Perdi emprego, família, tudo. Mas queria sair das ruas. Já tive uma vida antes e queria recuperar. Aí procurei o albergue e depois fui encaminhado para a Casa da Amizade, onde estou há dois meses e meio”, contou.

Iniciativa

A idéia da ação Amizade no Inverno partiu do presidente da instituição, Cassemiro Lopes Moreira, o Miro, ele próprio ex-morador de rua que conseguiu dar a volta por cima. Em sua sétima edição, a ação solidária é desenvolvida em parceria com os restaurantes Barbacoa e Giovannetti Parque D. Pedro, com apoio do Centro de Referência em DST/Aids de Campinas. “Os restaurantes doam os ingredientes, a cozinheira da casa prepara a sopa e leite quente, e funcionários e moradores se encarregam de distribuir. Os cobertores e agasalhos arrecadamos em campanhas com a comunidade”, explicou o coordenador de Projetos, José Carlos Morais da Silva.

Segundo ele, a ação de ontem, acompanhada pela reportagem da Agência Anhangüera de Notícias (AAN), atendeu cerca de 160 pessoas. “Levamos 200 copos para distribuição da sopa e sobraram uns 40”, disse Silva. A ação também distribuiu os quase cem cobertores e igual número de agasalhos disponíveis. “Estamos iniciando nova campanha de arrecadação de agasalhos e cobertores e, na semana que vem, repetimos a ação”, adiantou.


Em Campinas, ao menos 1.027 vivem nas ruas

Pesquisa divulgada em abril pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome apontou que pelo menos 1.027 pessoas vivem nas ruas em Campinas. O município ocupa a sétima posição no ranking de cidades com maior número de moradores de rua no Brasil, sem considerar São Paulo, Belo Horizonte e Recife, que não entraram no censo. Segundo a coordenadora municipal de Acolhimento e Referenciamento Social (Sares), Cátia Gonçalves da Silva, 80% deles são dependentes químicos, especialmente de álcool. No Inverno, uma equipe do Sares aborda os moradores de rua para encaminhar os que necessitam ou querem aos serviços de apoio e suporte, como abrigos, albergue, serviços de saúde e tratamento para dependência química. A maioria recebe os agasalhos, alimentos e cobertores, mas não quer ir para o albergue, que funciona no Serviço de Atendimento ao Migrante, Itinerante e Mendicante (Samim).

O local tem capacidade para 150 pessoas e recebe para pernoite, além de oferecer refeições (café da manhã, almoço, lanche e jantar). O serviço é transitório, por cinco dias, que podem ser estendidos conforme a situação. A Prefeitura mantém ainda o abrigo municipal, com capacidade para 15 homens e cinco mulheres, e uma casa para idosos, com 12 vagas. Além do poder público, grupos religiosos também acolhem moradores de rua, seja em casas de recuperação para dependência química, ou ofertando roupas, cobertores e alimentos. Em parceria com o poder público, que cedeu o imóvel, cinco grupos religiosos (Nossa Senhora Desatadora dos Nós, Aliança Amor, Centro Espírita Luz e Caminho, Igreja Batista Central e Grupo Felicidade) oferecem sopa de segunda a sexta-feira e almoço aos sábados para moradores de rua numa casa no Viaduto Miguel Vicente Cury. (DM/AAN)


Usuária de drogas recusa ajuda da família

Jovem rompeu com parentes por causa do vício e agora vive embaixo de viaduto com outras pessoas

Margarete Rodrigues dos Santos, de 22 anos, vive nas ruas desde os 18. Primeiro alegou que foi abandonada pela família e, em seguida, assumiu que rompeu com os parentes devido ao uso de drogas. Ela mora atualmente com um grupo embaixo do viaduto da Via Expressa Waldemar Paschoal sobre a Francisco Glicério e nem quer ouvir falar de voltar a viver com a família. “Prefiro ficar na rua. Sou mais feliz assim”, afirmou. Apesar de desconfiada e aparentemente sob efeito de drogas, Margarete foi a única dos moradores de rua do local que se preocupou em agradecer a ajuda do Grupo Amizade. “Graças a Deus vocês vieram. Muito obrigada, Deus abençoe”, disse. “Só sobrou eu para falar isso”, completou.

A técnica em enfermagem da Casa da Amizade, Alezandra Lima, contou que já cuidou de Margarete após um acidente grave, quando fazia estágio no Pronto-Socorro do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti. “Ela chegou sob efeito de drogas, com os dois braços e bacia quebrados e com surto de abstinência. Tão agitada que mordia as mãos dos enfermeiros e técnicos”, contou.

Segundo Alezandra, o serviço social do hospital localizou a família, em Londrina, a mãe veio até Campinas e tentou levá-la para casa, mas a jovem se recusou. “Uma irmã que mora aqui, no Jardim Florence, também tentou levá-la, mas não conseguiu.” Alezandra disse que a ação solidária torna-se uma mistura de sentimentos. “É bom ajudar os outros, dá uma sensação de dever cumprido. Mas ver esta menina, por exemplo. Saber que os pais querem resgatá-la e ela não quer, é deprimente”, disse. (DM/AAN)


A FRASE

“Prefiro ficar na rua. Sou mais feliz assim.”

MARGARETE RODRIGUES DOS SANTOS
Moradora de rua


Autor: Delma Medeiros delma@rac.com.br
Fonte: Correio Popular