21 de julho de 2010

Movimento Nacional

De morador de rua a líder de movimento, Miranda pede políticas integradas

Há sete meses, Anderson Lopes Miranda, de 33 anos, vivia com as duas filhas – de 1 e 3 anos - e a mãe das meninas em um albergue para famílias na capital paulista. Sobrevivia de recolher latinhas. Mas, como líder do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), já havia viajado a Brasília mais de 20 vezes e a países como Alemanha e Argentina. Isso para pedir, principalmente, o fim do assistencialismo e início das políticas públicas para os moradores de rua. “Chega de ser um problema só de assistência, queremos ser tratados como problema de saúde pública, educação, trabalho e habitação”, afirma.

Lecticia Maggi, repórter do Último Segundo | 27/06/2009 07:04

Órfão de pai e mãe, Miranda viveu em orfanatos até os 14 anos quando saiu para morar em uma pensão e trabalhar como office boy. A primeira noite na rua aconteceu poucos meses depois, quando voltava de Atibaia, no interior de São Paulo, e o ônibus quebrou. Estava na rodoviária do Tietê às 2h quando dois homens me assaltaram, levaram R$ 2 mil, roupas e tudo que eu tinha, conta. Sem família e sem dinheiro, Miranda foi para a rua.



Sozinho, aprendeu a não dormir, só cochilar. É aquele medo à noite. Entrava em crise comigo. Se passava alguém perto, já levantava rápido, afirma. No centro da cidade, debaixo de uma marquise no bairro da Barra Funda, conta presenciou a morte de um morador de rua por dever R$ 80 a outro. Os dois brigaram e um meteu um paralelepípedo na cabeça do outro, lembra.

Com medo, começou a pegar o trecho – gíria para andar de uma cidade a outra. Em uma de suas caminhadas, no ano de 2000, afirma que foi a pé de Minas Gerais até a Bahia. Quando chegou em Itabuna, no sul do Estado, foi atropelado por um caminhão. Me levaram para o hospital, mas quando souberam que eu era indigente me jogaram uma tala e me deixaram na cama por três dias. Eu só recebia bolacha de água e sal e água, diz ele, que afirma ter chegado a pesar 35 quilos.

De volta a São Paulo, já recuperado, Miranda iniciou a luta em defesa dos moradores de rua. Em 2004, após o assassinato de sete pessoas que dormiam na Praça da Sé, região central de São Paulo, foi organizado o primeiro Movimento Nacional dos Moradores de Rua.

Luta pelos moradores de rua

Em 2005, aconteceu o primeiro seminário da população de rua em Brasília, que reuniu diversos representantes da sociedade civil e do governo federal para discutir a questão. No ano seguinte, foi criado um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) para elaborar uma Política Nacional para a População de Rua.

O segundo encontro nacional da população em situação de rua ocorreu em 19 de maio último, em Brasília. No evento, estiveram presentes cerca 170 moradores e ex-moradores de rua, além de ONGs e ministros.

"Não queremos guetos. Queremos conviver"

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), A Política Nacional passou por ajustes neste encontro. Quando o novo texto estiver pronto ele será encaminhado ao presidente Lula para que se torne um decreto.

A intenção, conforme o governo, é que os ministérios envolvidos no programa transformem as diretrizes da política em plano de trabalho.

Miranda afirma que a Política Nacional pede principalmente a inclusão do morador de rua nos programas já existentes. Não queremos a criação de banheiros públicos só para moradores de rua. Não queremos gueto, queremos conviver, explica.

"Não consigo sair da rua, se eu não ficar duas ou três noites dormindo na rua eu enlouqueço"

Entre as propostas, está a de que 5% das vagas de moradia da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) sejam destinadas à população de rua.

Vida nova com hábitos antigos

Com residência fixa e carteira assinada, Miranda, hoje, pode dizer que saiu da situação de rua. Vive as duas filhas e a mãe delas em um apartamento da CDHU na Cidade Tiradentes, no extremo leste da capital. Mesmo com a casa, ele diz que não perdeu alguns hábitos antigos. Não consigo sair da rua, se eu não ficar duas ou três noites dormindo na rua eu enlouqueço, afirma.

Outro costume que permanece é o de recolher latinhas. Com a diferença que hoje não as vende mais, só repassa para quem precisa. Mesmo trabalhando eu cato latinha, se não fizer isso eu perco a minha raiz. Minha vida sempre foi essa, nunca depender só dos outros. É o que me sinto feliz, diz.


Fonte:

http://ultimosegundo.ig.com.br/ultimosegundo/brasil/de+morador+de+rua+a+lider+de+movimento+miranda+pede+politicas+integradas/n1237627066145.html

20 de julho de 2010

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Sete estados atingem ODM contra a pobreza

Das 27 unidades federativas brasileiras, sete conseguiram reduzir pelo menos à metade, entre 1991 e 2008, a proporção da população com renda familiar inferior a R$ 255 (meio salário mínimo), meta estabelecida pelo primeiro dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), cujos cumprimentos são previstos até 2015, revela o coordenador do Orbis (Observatório Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade), Alby Rocha, que participou do 3º ciclo de Seminários Estaduais de Acompanhamento dos ODM, entre 23 de abril e 10 de junho.

Dos sete estados, seis ficam no eixo Sul-Sudeste: Santa Catarina lidera os avanços, com 67%, seguido de Paraná (60%), Rio Grande do Sul (54%), Minas Gerais (53%), Espírito Santo (51%) e Rio de Janeiro (50%). Goiás é o único de outra região a alcançar o objetivo 1, com progresso de 53%.

"Já São Paulo não avançou tão rapidamente", explica Rocha. A maior metrópole do país teve resultados bem inferiores: reduziu a pobreza em 30%. O estado possui 5,7 milhões de pobres, sendo que 1,63 milhão de pessoas possuem renda familiar mensal menor que R$ 127,5.

Se Santa Catarina foi o estado que apresentou melhor resultado, Roraima seguiu a direção inversa, com queda de apenas 4% no indicador de pobreza no período analisado. Em compensação, é o que apresenta o menor número de pobres no Brasil: 160 mil. Na região Norte, o Tocantins ficou perto de alcançar a meta, com avanço de 46% no objetivo 1.

Com exceção do Distrito Federal (25%), as outras três unidades federativas do Centro-Oeste fizeram progresso considerável. Goiás ultrapassou a meta, enquanto Mato Grosso (49%) e Mato Grosso do Sul (48%) quase chegaram lá. Por outro lado, o DF é quem possui menos pessoas sob a linha de pobreza na região, com 465 mil.

Já o Nordeste continua apresentando os menores avanços do país. O estado que mais se aproximou da meta 1 foi o Rio Grande do Norte (39%), enquanto o que ficou menos perto foi Alagoas. Em todas as unidades federativas nordestinas, cerca de metade da população se encontra abaixo da linha de pobreza, indicam os dados das sínteses estaduais da região, quando confrontados com estimativas populacionais do IBGE de 2007.

Ciclo de seminários estaduais

O 3º ciclo de seminários estaduais terminou no dia 10 de junho com quatro reuniões estaduais – em Curitiba, Natal, Vitória e Rio Branco. Cada unidade federativa abrigou uma edição do evento, durante as quais foram apresentados os dados contidos na respectiva síntese estadual.

Ao todo, sete mil pessoas participaram dos seminários. Para Maria Aparecida Zago Udenal, que faz a articulação do Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade na Paraíba, o ciclo foi muito positivo. "Foi interessante para as pessoas poderem conhecer como estão os seus estados. O círculo de diálogos ajuda a engajar a sociedade no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio", afirma.

Os seminários também discutiram como trabalhar os ODM na gestão municipal e como a indústria e o setor privado podem atuar mediante seus projetos de responsabilidade social. Ao fim do terceiro ciclo, ficou definido que Curitiba abrigará um projeto-piloto de workshop, em 17 de agosto, que terá apoio do PNUD e buscará mostrar às indústrias paranaenses como elas podem ajudar a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Já a coordenadora da unidade de planejamento do PNUD, Maria Celina Arraes, afirma que os seminários ajudam a enfrentar o desafio da municipalização dos ODMs, levando em consideração as diferenças locais para o cumprimento das metas.

Por sua vez, o assessor da Secretaria Geral da Presidência Davi Schmidt acredita que os núcleos estaduais de auxílio aos ODM, representados por movimentos como o Nós Podemos, saem fortalecidos com a iniciativa. Ele também elogiou a quantidade de informação disponível para planejar ações que ajudem a atingir os objetivos fixados pela ONU até 2015.


http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=3514&lay=pde